Pagamento de 'Plants vs. Zombies 2' não incomoda jogador, diz designer

Para Borja Guillán, da PopCap, sistema de 'PvZ2' é 'freemium do bem'.
'Plants vs. Zombies 2: It's About Time' está disponível para dispositivos iOS.


Borja Guillán é o cara por trás de Plants vs. Zombies 2: It's About Time! (Foto: Bruno Araujo/G1)
O medo de alguns virou realidade para muitos: "Plants vs. Zombies 2: It's About Time!", parte dois do jogo casual de sucesso em tablets, smartphones e consoles, entrou na onda dos games de graça (mas nem tanto) Free to Play – F2P, ou "freemium". Apesar do download sem custo, a vaga ideia de ver seu passatempo favorito tomado por uma montanha de ofertas de itens e moedas virtuais é excruciante. Será o fim?
Pois o jogo foi lançado para dispositivos iOS no último dia 15 de agosto e o mundo felizmente não acabou. Ao contrário do que se esperava, "Plants vs. Zombies 2" oferece todo o seu conteúdo sem limites de tempo e reserva sua parte paga a uma aba discreta dos mapas. Para o espanhol Borja Guillán, o cara por trás do game, o método de pagamento de "PvZ2" não incomoda o jogador. "Fizemos um 'freemium' do bem".
O game designer da PopCap esteve em São Paulo na quarta-feira (21) para um evento de divulgação do jogo e conversou com o G1 sobre o anúncio da primeira expansão – "Far Future", que também será F2P – o inusitado game de tiro em primeira pessoa da série e o novo modelo de negócios de "PvZ2". "Se você faz um bom jogo, não tem porque o 'freemium' ser uma coisa ruim. Ele veio para ficar". Leia abaixo a entrevista na íntegra:
"Plants vs. Zombies 2: It's About Time!" está disponível apenas para os aparelhos da Apple. Um lançamento para plataformas Android e PCs está previsto, mas ainda não há data.
Novo 'Plants vs Zombies 2' na primeira fase, do antigo Egito.  (Foto: Daniela Braun/G1)
G1 – O primeiro jogo é muito bom, mas sempre existe a questão de fazer uma sequência que mantém a qualidade do original e consegue levar a série adiante. Qual foi o maior desafio para a equipe da PopCap na produção do segundo "Plants vs. Zombies"?
Borja Guillán – O maior desafio foi nos mantermos verdadeiros em relação ao primeiro jogo. Nós sabemos que ele foi um grande sucesso e por isso nos mantivemos perto da sua essência, acrescentando novas formas de jogar. As duas principais são o adubo, que dá a cada planta uma habilidade especial diferente por alguns segundos, e os poderes, que usam a tela sensível ao toque para destruir os zumbis de novas formas.
Tivemos também uma grande liberdade de criação para reinventar o modo como as plantas e os zumbis lutam e interagem uns com os outros. Nós temos dez novas plantas e 25 novos zumbis. E isso irá aumentar conforme formos criando mais conteúdo para o jogo.
G1 – O jogo Free to Play pode ser muito opressivo, mas em "Plants vs. Zombies 2" isso não acontece. Você, como um game designer, acha que esse modelo de negócios pode alterar a direção de um jogo? Como você vê um jogo F2P se sustentando daqui um ou dois anos?
Borja Guillán – Eu acho que ele já fez isso [alterar a direção de um jogo]. Muitas pessoas estão céticas em relação ao "freemium" e ficam reticentes quando isso é anunciado em um jogo. Mas os jogos "freemium" são fantásticos. Acho que nós fizemos um ótimo trabalho com "PvZ2", pois não incomodamos o jogador enquanto ele está se divertindo. O "freemium" é bom desde que você não atole o jogador com experiências ruins.
Temos algumas opções para o jogador gastar dinheiro, e ficaremos felizes se isso acontecer, mas não é nossa preocupação principal. Nosso foco foi criar um jogo de graça que fosse agradável durante todo o tempo. Se você faz um bom jogo, não tem porque o modelo ser uma coisa ruim. Acho que nós fizemos um "freemium" do bem. Desde que as pessoas respeitem esse modelo de negócios, ele veio para ficar.
Download do novo 'Plants vs Zomvbies 2' é gratuito, mas jogador pode comprar plantas e poderes. (Foto: Daniela Braun/G1)
G1 – Nos dois jogos da série, existem plantas muito diferentes umas das outras e todas são funcionais. Como vocês buscam inspiração para criar novos modelos? Você tem uma favorita?
Borja Guillán – Não é um processo fácil, mas na maioria das vezes identificamos a necessidade de uma certa função no jogo. Nós pensamos "seria legal se isso pudesse acontecer [por exemplo, uma planta que atinge zumbis tanto de frente como atrás], então vamos construir uma planta que faz isso. Às vezes só pensamos "essa planta é legal, como fazer para encaixá-la?" mas é mais difícil.
Eu tenho muitas plantas favoritas, e uma delas é o Chili Bean. Eu não uso ela tanto, mas ainda assim é uma das minhas prediletas. Eu adoro o humor infantil dela. O zumbi come ela, fica com um grande incômodo intestinal e solta um pum massivo. E todo zumbi que estiver atrás fica tonto. Então é muito engraçado. Eu não me canso de ver.
'Plants vs. Zombies Garden Warfare' (Foto: Reprodução)
G1 – A PopCap anunciou recentementeum outro "Plants vs. Zombies" chamado "Garden Warfare". Como foi levar um jogo casual para o universo dos games de tiro em primeira pessoa? Ninguém conseguiria sequer imaginar essa possibilidade.
Borja Guillán – Eu adoro ver a reação das pessoas quando elas não sabem o que pensar sobre "Garden Warfare" porque o jogo obviamente é maluco. E é tão maluco que funciona. Quando a EA comprou a PopCap, nós ficamos muito empolgados com as possibilidades que isso poderia trazer. E uma delas foi pegar os nossos jogos e pensar neles do modo como a EA faz seus jogos.
Eles têm tecnologias enormes como a "frostbite" [motor gráfico usado em games como "Battlefield" e "Mass Effect"]. Então em uma conversa maluca imaginamos um jogo onde você tem o universo de "Plants vs. Zombies" e usa esse motor gráfico muito bonito para representar um jogo 3D de ação. Nós brincamos com isso, mas acabou se tornando realidade. É estranho. Ele surgiu como uma brincadeira.
G1 – Vocês anunciaram, durante a Gamescom, feira realizada nesta semana em Colônia, na Alemanha, o primeiro pacote de expansão para "Plants vs. Zombies 2", "Far Future". O que o jogador pode esperar do game?
Ele pode esperar por zumbis do futuro. Como você acha que os zumbis do futuro se parecem? Eu quero que os jogadores pensem por conta própria e depois vejam.

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